Berçário | Abordagem Pikler
Contextualizando na prática um de nossos embasamentos teóricos
Por que a Abordagem Pikler é tão importante?
Embora o desenvolvimento da criança esteja entrelaçado com vários caules importantes, ele está enraizado em dois ramos principais - desenvolvimento do cérebro e do corpo.
As raízes do desenvolvimento do cérebro para a importância da abordagem Pikler e outras filosofias modernas de cuidado infantil são baseadas na neurociência. Graças a muitas descobertas científicas nos últimos anos, sabemos agora que nos primeiros 3 anos de vida as crianças desenvolvem conexões neuronais chamadas sinapses. O Urban Child Institute [autor] afirma que aos 3 anos as crianças têm 2 vezes mais sinapses do que em toda vida adulta. Somando-se a isso, seu cérebro cresce até 80% do que eles terão na idade adulta. Portanto, todo o trabalho de base para o cérebro humano deve ser feito na Primeira Infância. Isso inclui linguagem, padrões de comunicação, sistemas comportamentais, regras, a si mesmo e também a coordenação física.
Assim, todas as experiências de vida nesta Primeira Infância serão cruciais no futuro - a criança aprende comportamentos, respeito próprio, relacionamentos. Dra. Emmi Pikler disse que o movimento é a primeira linguagem do cérebro.
Como é a realidade em muitas escolas?
Durante muito tempo, os berçários cumpriram o papel de ser um espaço limpo, organizado, com uma alimentação adequada, e que tivessem pessoas que cuidassem das crianças, para que as mães pudessem trabalhar fora. Durante o tempo que as crianças permaneciam na escola eram banhadas, alimentadas, dormiam; e, se tivessem “sorte”, tomavam banho de sol em um dos períodos do dia.
O choro sempre foi muito presente nesses espaços, ou pelo excesso de estímulo visual, corporal, musical, o que levava os bebês à exaustão física e emocional, ou pela ausência de estímulo, ou seja, os bebês permaneciam por horas e horas confinados nos carrinhos, bebês-conforto, berços, ou nos tão conhecidos “chiqueirinhos”, aguardando o momento da alimentação, da troca ou do banho, que, na maioria das vezes, não durava mais do que cinco minutos, devido à grande quantidade de bebês por adultos.
Infelizmente, embora o relato acima esteja no verbo passado, essa ainda é a realidade de muitos berçários; um local onde os bebês ficam enquanto suas mães trabalham, que ainda os definem como seres passivos, frágeis e incapazes, e que acabam por orientar práticas de cuidados rotineiras, frias e impessoais, as quais de alguma forma afetam o desenvolvimento pleno e saudável da personalidade das crianças enquanto adultas.
Na Uniepre, nossos bebês e nossas crianças ocupam outro espaço; são reconhecidos e concebidos de maneira bem diferente. Acreditamos que as crianças, desde o nascimento, são sujeitos ativos, potentes e competentes, que aprendem observando, tocando, e experimentando.
Mas, como isso acontece na prática?
A Uniepre compartilha da quebra de uma concepção assistencialista, espontaneísta e conteudista na Educação Infantil, em que a criança pequena só tinha direito de ser “cuidada”, ou seja: de obter a satisfação das suas necessidades básicas como alimentação e higiene, ou de ser mera receptora e repetidora de informações descontextualizadas e sem significado.
Uma das nossas inspirações é respaldada na abordagem desenvolvida por Emmi Pikler (1902-1984), a qual destaca a importância de se respeitar cada criança, a fim de que esta se desenvolva em um ambiente amoroso, respeitoso e seguro, e seja determinada e feliz.
Princípios destacados na abordagem Pikler
O Valor da atividade autônoma
A educadora respeita o tempo de cada criança, proporcionando-lhe o prazer de agir livremente. Desta maneira, não antecipamos nenhuma fase do seu desenvolvimento motor, não colocamos a criança em uma posição que não tenha sido conquistada por ela mesma.
Sendo assim, as crianças com boa saúde física e psíquica passam por todas as etapas da motricidade por sua própria conta e em determinada ordem, sem que os adultos precisem ensiná-las a sentar, engatinhar ou mesmo andar. Não é bom adiantar nenhuma fase do desenvolvimento dos pequenos.
A relação afetiva privilegiada
É importante que as educadoras estabeleçam vínculos conscientes e seguros, através dos cuidados cotidianos, como por exemplo nos momentos da alimentação, do banho, da troca de fraldas, ou de roupa, e na preparação para o sono.
São nesses momentos que as educadoras têm a oportunidade de estar disponíveis só com uma criança, sem pressa, conversando, olhando em seus olhos, informando sobre cada uma das atividades que irão realizar, convidando-a a participar de maneira ativa. A educadora estimula a reciprocidade ao pedir desde muito cedo a colaboração da criança nas atividades dos cuidados cotidianos. A criança se torna protagonista da ação; assim é que se estabelecem as bases para a construção de uma relação harmoniosa e recíproca na relação.
Espaços e ambientes adequados
A necessidade de oportunizar às crianças espaços e ambientes adequados, através de brinquedos, materiais e mobílias para cada faixa etária é primordial. O espaço adequado é determinante para que as pesquisas realizadas pelas crianças tenham êxito, como por exemplo: o piso rígido e o espaço seguro. O brincar livre proporciona o desenvolvimento motor, cognitivo e a autonomia.
O bom estado de saúde das crianças
O resultado desse conjunto aplicado são crianças confiantes e alegres, que se desenvolvem harmoniosamente e compreendem os adultos, naturalmente.